segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A difícil missão de colocar ponto final




Todo final é mais difícil que um começo. Deve ser pelo fato de olhar para trás e ver o que perdeu e o que se ganhou. Terminar uma amizade de anos dói. Acabar a faculdade pode ser um alívio, mas tem situações que um dia você vai lembrar e sentir saudade, e dói. Acabar de ler aquele livro instigante dá uma dorzinha. Mas terminar uma relação amorosa dói mais.

Não importa qual for a sua história, colocar um ponto final sempre machuca. Mas penso eu, na minha profunda burrice ou inteligência, que colocar um ponto final quando se está envolvido é algo para ser humano muito racional, frio. Tenho absoluta certeza que na fila da racionalidade, eu certamente passei a quilômetros de distância.

Peguei um dia me questionando se com o tempo de vida iria ganhar um pouco de racionalidade. A cada dia que passa da minha existência terrestre me conformo que essa inteligência feita para os fortes, definitivamente não é pra mim. Sim, precisa ser forte para ser racional. Não uma romântica como eu. Já dizia Lulu Santos – “Talvez eu seja o último romântico.”

Quando se gosta, admira, sente o cheiro da pessoa em um desconhecido, sorrir feito uma adolescente de 15 anos quando vê o menino mais bonito da escola, sabe!? Ah, o ponto final é quase um juramente de morte. Dói, fere, maltrata, você foge. Igual o diabo foge da cruz.

Mas há pontos finais que são necessários. História que passaram do prazo de validade. Até para um ser um humano totalmente sem racionalidade nenhuma como eu acredito que essa já passou da hora de acabar. 

Aliás, gente como eu, ou até mesmo como você que está lendo essa tolice de texto, coloca todos os sinais de pontuação existente na língua portuguesa em uma história sem futuro. Usa as reticências para não se aprofundar em algumas questões, mas sempre acaba se machucando com as interrogações de uma história mal contada.  Porém, não sei por que diabos não coloca o maldito ponto final.

Ele não é carinhoso, muito menos atencioso. Ele te procura só quando lhe convém.  Tem dezenas de mulheres atrás dele, e como tem... Nunca te presenteou. Você lembra a última vez ou a vez que ele te chamou de linda espontaneamente? Não, nem eu. Dificilmente andou de mãos dadas com você. Aposto que te levou pra jantar apenas no começo do relacionamento, típico dos homens. E mesmo assim o ponto final não é colocado. Aquela foto romântica que foi tirada na intimidade, daquele sábado de verão, para ele ficou “massa”, para você ficou linda.

Mas acredito que o ponto final só é colocado no momento em que você olha para ele e acredita que tudo que podia ser feito, foi realizado. É colocado no instante em que você percebe que o momento que ele vive não é o mesmo que o seu. Que a sua vontade de ter ele todos os dias não é a mesma dele, que só aparece nas sextas-feiras quando não tem nada melhor para ser feito. Que enquanto você quer ser apenas dele, ele ainda prefere ser de todas. O ponto final é colocado no fim de cada história quando não há mais nada pra dizer, fazer ou falar.

Texto escrito ao som de Rod Stewart - The Way You Look Tonight